Todo grande projeto nasce de uma semente. Às vezes, essa semente fica adormecida por anos até encontrar o solo certo para florescer — e com Excidium, foi exatamente assim.
A ideia dessa história nasceu há muito tempo, logo após eu ter concluído meu primeiro livro, Kingdom. Eu tinha cerca de 18 anos, já me interessava seriamente pela escrita e começava a desenvolver uma linguagem mais madura e uma narrativa com mais profundidade. Naquela época, o projeto ainda nem se chamava Excidium. Seu título inicial era Império Negro: O Reino de Fillipens, e o protagonista também tinha outro nome: Fillipens.
O conceito central, no entanto, já estava lá — a essência que daria origem a Excidium: O Nascimento de um Deus era a mesma: contar a história de um personagem aparentemente comum, mas com um destino extraordinário. A proposta ousada de trazer um "humano qualquer" como figura central de uma trama apocalíptica e cheia de significados já pulsava nas entrelinhas do que eu escrevia.
Lembro que cada novo capítulo era uma conquista pessoal. Sempre que escrevia, mostrava para uma amiga leitora que, sem saber, se tornaria um dos pilares invisíveis dessa obra. Foi ela quem me inspirou a mergulhar ainda mais no universo literário. Uma das personagens do livro, inclusive, é inspirada diretamente nela — uma pequena homenagem à sua importância na minha trajetória como escritor.
Cheguei a escrever cerca de doze capítulos dessa primeira versão do projeto. Mas, como a vida não segue roteiros previsíveis, precisei interromper a escrita por conta de trabalho, viagens e outras responsabilidades. Ainda assim, nunca tive coragem de apagar aquele arquivo no Word, guardado com carinho no meu celular. Algo dentro de mim dizia que aquela história ainda não tinha terminado.
Na mesma época, minha jornada pessoal também passava por grandes transformações. Estava no início do diagnóstico de esquizofrenia paranoide — um momento difícil e cheio de incertezas. Curiosamente (ou talvez nem tanto), esse processo passou a influenciar diretamente o desenvolvimento do personagem principal. Os delírios, os sentimentos de desconexão e a intensidade das emoções se tornaram combustível para minha escrita. Eu me via no personagem. E o personagem, de alguma forma, também me ajudava a entender a mim mesmo.
O protagonista, que inicialmente era parte de uma nobre família romena vivendo no Brasil — com um pai magnata da tecnologia — passou por uma transformação radical. Decidi deixá-lo mais humano, mais próximo da realidade e da dor de quem se sente deslocado. Assim nasceu Arthur Chandler, um jovem simples vivendo em Bradford, cidade inglesa localizada no distrito metropolitano de West Yorkshire — um cenário que casava perfeitamente com o tom sombrio e urbano da história que eu queria contar.
Os demais personagens também evoluíram. Muitos passaram a ser inspirados por pessoas reais: amigos, conhecidos e até figuras que representavam antigas inimizades. Essa conexão emocional e pessoal trouxe mais autenticidade às interações, diálogos e conflitos da trama.
Foi então que tudo começou a fluir. Senti que era o momento certo. A inspiração veio como uma enxurrada — intensa, incontrolável. E com ela, o desejo de finalmente dar forma a um projeto que já morava em mim há anos. Comecei a escrever com seriedade, resgatei ideias antigas, misturei com experiências vividas e, enfim, construí os primeiros capítulos dessa obra que hoje se chama Excidium.
Curiosamente, o nome Excidium só surgiu após mais de 10 capítulos escritos. Vem do latim e significa "aniquilação" ou "destruição" — um nome forte, carregado de simbolismo. E sim, esse título tem tudo a ver com o enredo... mas não vou entrar em detalhes para não entregar spoilers!
Com o tempo, percebi que o projeto era muito maior do que imaginava. O que antes era apenas Excidium, tornou-se Excidium: O Nascimento de um Deus, o primeiro volume de uma série planejada para ser marcante. Um universo onde religião, sociedade, identidade e destino se cruzam em uma narrativa provocadora, densa e repleta de camadas.
Hoje, olho para essa história com orgulho. Ela nasceu de momentos difíceis, foi regada por experiências reais e amadureceu junto comigo. Escrever Excidium não foi apenas um processo criativo — foi um renascimento pessoal. E agora, finalmente, essa obra grandiosa está tomando forma diante dos olhos de quem acompanha meu trabalho.
Se você está aqui lendo isso, saiba que Excidium está sendo feito com alma, suor, amor e dor. Uma obra que nasceu do caos para contar a história de alguém destinado a ser um deus... ou uma ruína.
Obrigado por estar nessa jornada comigo.
— Diogo Moraes